Vinte poemas de amor e uma canção desesperada - Pablo Neruda
Quero introduzir ao blog minhas leituras recentes e uma pequena resenha sem ser comprometedora, acho que dá uma incrementada levando em conta que amo ler. Acho válido.
Pablo Neruda foi um grande escritor chileno conhecido mundialmente, muito popular e com pelo menos 45 livros e diversas recopilações encantou com seus belos poemas que foram traduzidos em mais de 35 idiomas.Entre seus livros eu ganhei o famoso "Vinte Poemas de Amor e uma canção desesperada" em uma visita que fiz com meu noivo em uma de suas casas em Isla Negra (Chile).
Pablo Neruda era criativo e um fervoroso colecionador de coisas bonitas, era encantado pelo o que era belo, tive a oportunidade de visitar 2 de suas casas vivendo aqui no Chile (somente me falta justamente a casa em Santiago, La Chascona, que é a cidade onde vivo, mas de forma curiosa ainda não tive a oportunidade de conhecer), e por suas casas é possível ver essa paixão, há diversas peças de todos os tipos, garrafas diferentes, proas de navios, máscaras, mapas, conchas, utensílios domésticos diferentes, estátuas, possui casas incrivelmente charmosas e cheias de objetos curiosos para abrir nossos olhos.
Em 23 de setembro de 1973 gravemente doente foi transladado para sua casa em Isla Negra após sua morte e de lá é possível ver seu mausoléu de frente para o mar do pacífico. O curioso é que diz que a morte de Neruda possui uma história de teoria da conspiração, porque se crê que tenha sido envenenado ou algo nesses sentido pelo governo ditatorial que existia no Chile, já que ele se opunha fortemente a Pinochet (governante ditador que foi um velho nojento que acabou com anos dos chilenos em meio a medo e violência militar).
Voltando ao livro "Vinte poemas de amor e uma canção desesperada" foi o grande primeiro livro de Neruda, de 1924 quando apenas tinha 20 anos de idade, e claramente possui um teor bem dramático e sofredor, o escritor passa para o papel seus sofrimentos amorosos. Com uma devoção ao corpo feminino ele associa as belezas da natureza, como flores, plantas, chuvas, com a mulher, de forma bem ingenua e provando ser um grande romântico.
Pode-se ver também muito do amor platônico de jovem, é bem inexperiente e muito sonhador com seu amor, sofredor eu diria, mas que tenta sim provar em palavras que sente tanto amor quanto pode botar no papel. Uma dos meus poemas favoritos seria:
"Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: a noite está estrelada,
E cintilam azuis, os astros, desde longe.
O vento da noite gira no céu e canta.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu a quis, e às vezes ela também me quis.
Nas noites como esta a tive entre meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.
Ela me quis, às vezes eu também a queria.
Como não haver amado seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que a perdi.
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como ao pasto o orvalho.
Que importa que meu amor não possa guardá-la
A noite está estrelada e ela não está comigo.
Isso é tudo. Muito longe alguém canta. Muito longe.
Minha alma não se contenta em havê-la perdido.
Como para aproximá-la meu olhar a busca.
Meu coração a busca, e ela não está comigo.
A mesma noite que faz branquear as mesmas árvores.
Nós, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a quero, é certo, mas quanto a quis.
Minha voz buscava o vento para tocar seu ouvido.
De outro. Será de outro. Como antes de meus beijos.
Sua voz, seu corpo claro. Seus olhos infinitos.
Já não a quero, é certo, mas talvez a quero.
É tão breve o amor, e é tão longo o olvido.
Porque, em noites como esta, a tive entre meus braços, minha alma não se contenta em havê-la perdido.
Ainda que esta seja a última dor que ela me causa, e estes sejam os últimos versos que eu lhe escrevo"
Obrigada se leu até aqui.
Até a próxima
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